O galo cantou
A manhã raiou
O sol apontou
O alentejano se levantou
Os sapatos calçou
A cara lavou
A roupa enfiou
O café tomou
Depois se espreguiçou
Mas lá se encorajou
E as mãos esfregou
Para o trabalho s echegou
Mas logo pensou
Não azeda nem azedou
E à sombra se sentou
E um pouquinho descansou
O suor limpou
Algum tempo passou
E a seguir almoçou
Depois repousou
E não se conformou
De novo balbuciou
E o trabalho não azedou
Quem seria que o inventou
Que ninguém o enforcou
Também protestou
Que o trabalho que lhe calhou
Muito muito muito ansou
A coisa melhorou
Quando reparou
Que a noite chegou.
Então se alegrou
E as mãos dos bolsos tirou
Não é assim não senhor
Diga a todos com coragem
Não deixe qualquer estupor
Estragar a sua imagem
Imponha-se, seja forte
Chega de humilhação
Quem sabe, um dia com sorte
Se saiba o que os outros são.