(escrito para as presidenciais de 1986)
O que é A cadeira da presidência ?
Um objecto com enorme poder de atracção.
Meu Deus que paciência
Para ver tanto alvoroço
Para chegar à presidência
São sete cães a um osso.
Vão de cabeça erguida
Os grandes e o seu faixo
E como em tudo na vida
O pequeno fica por baixo.
Até no reino animal
Isso dá para perceber
Sem cadeira presidencial
Também querem o poder.
A cadeira do poder
Tem uma enorme atracção
Até dá sem saber
Muita deformação.
É frequente ver
Gente que era boa
Quando chega ao poder
Parece outra pessoa.
Gosta de amachucar
Quem circula em seu redor
Faz questão de mostrar
Que ele ali é o maior.
Pode ser um Zé ninguém
Mas se consegue a cadeira
Acha logo que tem
O mundo na bagageira.
Põe a pata e amachuca
Esquece de onde vem
Essa coisa mixuruca
Que já foi um Zé ninguém.
Ou é a cadeira em si
Ou é a sua estrutura
Ou é algo por ali
Que tem muito de doçura.
Parece que tem mel
Todos querem lamber
É o Zé e o Manuel
Todos querem o poder.
É a bendita cadeira
Que só serve para sentar
Mas que dá uma trabalheira
Para de lá levantar.
Não há regra sem excepção
Há sempre a parte boa
Há presidentes que são
A bondade em pessoa.
Muito poucos é verdade
Quase se contam a dedo
Que só mostram a bondade
Um tanto ou quanto em segredo.
A culpa é de quem ?
Do sistema certamente
Não aceita que ninguém
Se mostre humildemente.
Tem que ser e parecer
Carrasco e abelhudo
É a força do poder
Que provoca isto tudo.
É a célebre cadeira
Que os quer lá sentados
Vão saindo da fileira
Todos eles emproados.
Ao saírem da fileira
Mais parecem um peru
Mas na bendita cadeira
Poucos lá sentam o cú.
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